Hoje, 26 de junho, comemora-se em todo o mundo o Dia Internacional da
Pessoa Surdocega, data comemorativa do nascimento da surdocega mais
famosa, Helen Keller.
Marco Branco
Antes de mais, queria começar este pequeno texto com um pensamento
muito profundo de um jovem surdocego que é presidente da Associação
Gaúcha de Amigos de Pessoas Surdocegas e Múltiplas (AGAPASM):
“A Surdocegueira é a deficiência que mais "afeta" a essência da
sociedade, porque leva a distância imposta pelas perdas visuais e
auditivas, assim como a impaciência que se gera pelas dificuldades de
comunicação. Desta maneira, remete as pessoas surdocegas a condição mais
temida pelos seres humanos: o "estar sozinho" como sinônimo de abandono, distinto de "solidão" que se pode eleger e disfrutar quando não se tem medo de si mesmo. (Alex Garcia)
Como surdocego e utilizador do Lerparaver há três anos e meio, quero
partilhar convosco os meus pensamentos que muito contribuíram para o meu
crescimento interior.
“A surdocegueira é apenas um detalhe quando a nossa vontade é mais forte do que ela.”“A solidão é um mergulho profundo em nós mesmos.”
“O tato é o sentido que equilibra a ausência da visão e da audição e
que nos permite descobrir as maravilhas que elas não captam.”
“Ajude a pessoa surdocega de forma espontânea e natural, porque um dia poderás também precisar que te ajudem.”
“Não há pior deficiência que não seja a falta de vontade e de humor de superar a adversidade.”
“A pessoa surdocega pode ter muitas mais dificuldades em aprender
coisas simples, mas começa-se sempre do mais simples e nunca do mais
complexo. É necessário sermos criativos e encontrarmos a aprendizagem
mais adequada, porque cada pessoa tem uma forma distinta de aprender.”
“Surdocego é aquele que só tem olhos e ouvidos para o seu egoísmo.”
“Sem as tecnologias de apoio a pessoa surdocega, por muita vontade
que tenha, não consegue minimizar o efeito das suas limitações físicas.
Portanto, à semelhança do pão que alimenta o corpo, as ajudas técnicas
são vitais para a sua sobrevivência num ambiente hostil.”
“Eu sinto cada pormenor e sou feliz com as maravilhas que para os outros, ouvintes e normovisuais, são insignificantes.”
“Na escuridão e no silêncio Deus criou a alma.”
Espero que tenham gostado destas reflexões e que não tenham ficado indiferentes.
Todos temos alguma coisa a aprender com os outros e muito do que aprendemos é graças a eles.
Marco Branco, surdocego desde os 16 anos.
fonte: http://www.lerparaver.com/lpv/dia-internacional-pessoa-surdocega-vale-pena-ler
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Santo Agostinho