A Colônia Terra Nova comemora 80 anos de imigração com muita festa.
As atividades começam na sexta-feira,12, às 19h30, no Clube
Recreativo 25 de Julho, com apresentação de teatro e música,
apresentação de dança do Grupo Folclórico Sonnenstrahl. Depois, haverá
confraternização entre os participantes.
No sábado, a programação inicia às 14 horas com desfile de tratores
antigos, saindo do Museu do Imigrante Alemão até o
Clube, onde serão recepcionados com grande queima de fogos.
Acontece então a abertura oficial com os hinos do Brasil e da Alemanha. A celebração segue com apresentação de flauta; coral de Carambeí;
documentário sobre a Colônia, com depoimentos de imigrantes e
famílias; capoeira; apresentação de grupo de dança; exibição de documentários sobre a imigração e do filme 'Corpos Celestes', que teve cenas
gravadas na Terra Nova e contou com a participação de moradores como figurantes. Também haverá exposição de obras da artista já
falecida Dorothea Wiedemann, que nasceu na Alemanha e morou durante anos
na Colônia. Durante a tarde o Museu do Imigrante também
estará aberto para visitação e à noite haverá o baile no Clube, com a banda
Água Viva, de Santa Catarina. Os ingressos estão sendo vendidos a R$ 20
por pessoa.
No domingo, a programação reinicia às 10 horas, com missa
celebrada pelo bispo Dom Sérgio Arthur
Braschi, na igreja da Terra Nova. Partes da missão será celebrada na língua alemã. Os imigrantes vivos serão homenageados e logo após será servido o almoço típico. No cardápio terá Eisbein (joelho de porco), Sauerkraut (chucrute), Spaetzle (tipo
de nhoque muito popular no sul da Alemanha), Kartoffelpuree (purê de
batatas), Kohlsalat-süss-sauer (salada de repolho agridoce), Braten mit
Sosse (carne assada ao molho). O arroz e a mandioca farão parte do cardápio. A mandioca, desconhecida dos imigrantes quando chegaram passou a ser cultivada e apreciada por eles. As barracas continuam no domingo e às 15 horas o grupo Agua Viva torna a se apresentar.
Conheça a história dos imigrantes
na Colônia Terra Nova
A formação da Colônia Terra Nova, iniciada em 1933, foi planejada
pelo cônsul alemão Aeldert, em Curitiba, e pela República de Weimar,
através da 'Sociedade Colonizadora no Estrangeiro'.
Os lotes da Terra Nova Garcez foram destinados às pessoas que vinham
direto da Alemanha, e eram adquiridos ainda na pátria de origem. Algumas
famílias de alemães chegaram em 1934, em Castro e formaram um 'núcleo
étnico fechado'; cada família podia adquirir lotes com 12 alqueires de
terras, assim divididos: oito alqueires de terra de cultura, no mato;
dois alqueires de terra, para a localização da 'Aldeia', no campo; dois
alqueires de pasto para o gado, no campo.
Logo na chegada do imigrante à colônia, ele recebia da Sociedade um
título provisório no qual ficava declarado que o colono recebia o
'direito de uso' sobre o lote. A transcrição definitiva de propriedade
ao colono efetuava-se três anos depois da data da assinatura do
contrato, desde que o colono tivesse efetivado todo o pagamento de suas
dívidas com a 'Sociedade Colonizadora no Estrangeiro'. Para a
administração da Colônia havia um diretor colonial, cujo mandato era de
dois anos.
Cada uma das famílias vindas para Terra Nova trazia consigo as
particularidades, usos e costumes de sua região, almejando enfrentar a
luta pela sobrevivência, longe da terra de origem. Havia entre eles
profissionais diversos, tais como: sapateiro, alfaiate, engenheiro,
bancário, bombeiro, encanadores, comerciantes, capitão de navio,
botânica, PHD em filologia, PHD em Sociologia, bailarina, padeiro,
açougueiro e outros. O que menos existia era o agricultor, tornando-se
este o maior desafio a ser enfrentado na Colônia. Muita paciência era
necessária para transformar este chão em lavoura.
As condições financeiras dos primeiros que vieram para Terra Nova,
via de regra, eram muito fracas. Nos primeiros anos não havia com o que e
como fazer dinheiro, pois não havia comércio, as lavouras eram
diminutas e só se cultivava algo para o consumo da família. Gerhard
Moers, imigrante vindo em 1934 para a Colônia escreve para a sua noiva
na Alemanha, a qual só embarcaria para o Brasil dois anos depois: “Aqui
precisamos investir cada centavo para mais tarde possuirmos algo. Para
viver temos o suficiente, mas o dinheiro falta... Te escrevo isto pois
gosto de dizer-te a verdade, para evitar que mais tarde se decepcione...
Você deve pensar que eu te escrevo tanta coisa triste, mas para te
guardar de decepções eu não te prometo o céu aqui na terra”.
Contudo, apesar de tantas dificuldades, muitas famílias superaram os
obstáculos tornando possível a adaptação em terras do Brasil. Têm-se
hoje em Terra Nova importantes instituições, como a 'Associação Cultural
de Preservação da História e Ecologia de Terra Nova, o 'Clube
Recreativo 25 de Julho', bem como a própria igreja, que tem o intuito de
reavivamento das tradições que fizeram parte da cultura, da história e
do imaginário social da Colônia.
Assim, a Colônia Terra Nova foi a legítima representante do passado
alemão que predominou na memória coletiva e individual, tendo uma
significativa participação no processo econômico e demográfico de
Castro.
As informações foram extraídas da monografia de Alexandre Hubert.
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Santo Agostinho